O poder de fazer a pergunta correta

O que Richard Feynman, Albert Einstein e a Nicholas Carr tem em comum?

Arthur Lamblet Vaz
6 min readAug 29, 2021

A construção de uma pergunta bem feita, fica mais intuitivo quando você estuda os principais pensadores, físicos da humanidade. Depois de alguns anos desde a minha conclusão do colégio e da faculdade de engenharia, comecei a me encantar com os fatos físicos que estão em tudo que nós fazemos. Mas não com a física propriamente dita, mas sim com o processo de descoberta das fórmulas e teorias que nós hoje conhecemos. Alguns fatos bem curiosos e correlatos com mindset de hoje, pensamentos lean startup do Eric Ries já era aplicada de certa forma por essas mentes brilhantes. Imagina esses gênios na era digital?

Conversando sobre o tema com um amigo meu, ele perguntou porque o avanço da tecnologia não nos trouxe a descoberta de mais gênios?

— Defina "mais gênios". (Eu)

— Mais Prêmio Nobel. (Ele)

Gênios — Prêmio Nobel — Era digital

Na minha opnião o prêmio nobel acaba se tornando um consenso de um grupo pequeno de pessoas. Mas é interessante pensar em termos de inovação e invenção. Porque a descoberta se perpetua na história de maneira constante, já inovação, tem seu papel em um pedaço da história da humanidade.

Antes de entramos no campo de perguntas, acho interessante darmos um passo atrás para falarmos sobre dois fatores que a maioria das pessoas devem correlacionar, que é o acesso da informação com o aumento de números de pessoas ganhando prêmios Nobel. Mas antes mesmo de cairmos nessa falácia axioma, devemos ter em conta que o que está acontecendo é uma revolução digital.

O que eu quero dizer com isso: estamos atualizando tudo que fazíamos antes do boom da internet, para o mundo online. Mas e as pessoas que já vinham se dedicando ao mundo acadêmico, não era para potencializar nessa nova era? Então, esse ponto entraremos em uma outra questão, que é descoberta versus inovação (no dicionário são sinônimos mas na minha opinião tem diferentes aplicações). Facebook seria apto para um prêmio Nobel ou ele foi uma extensão da comunicação para era digital? Saimos das cartas, telefonemas, emails, redes sociais, mensagens instantâneas… Marie Curie que ganhou um prêmio Nobel, foi a primeira mulher com a sua descoberta de 2 elementos radioativo, polônio e o rádio. Vocês conseguem perceber a diferença?

Mas se existem melhores serviços e ferramentas, mais informações acessíveis, porque não descobrimos mais o desconhecido? Será que estamos fazendo a pergunta certa? Ou melhor, de maneira correta?

O gráfico abaixo nos mostra a evolução, ou não, de Prêmios Nobel, quantidade de pessoas que receberam o prêmio por ano, média móvel de 3 anos dos ganhadores e a evolução do acesso a internet no mundo.

https://www.kaggle.com/arthurvaz05/nobelprize-data/

Porque o gráfico não mostra um aumento significativo de descoberta depois de 50% da população no mundo acessa a internet?

“The important thing is not to stop questioning. Curiosity has its own reason for existing. One cannot help but be in awe when one contemplates the mysteries of eternity, of life, of the marvellous structure of reality. It is enough if one tries to comprehend only a little of this mystery every day.” Einstein

A característica de ser curioso é fundamental para realizar as perguntas certas, para chegarmos nas mais incríveis descobertas pela humanidade. O que me intriga é que na era do buscador Google, não temos uma explosão de perguntas que sirvam como ajuda nos desdobramentos das questões mais emblemáticas da raça humana atualmente.

A chegada da internet, era digital, ficamos enviesados em achar que cada vez mais teríamos mais prêmios Nobel. Contudo, desde a explosão do número de acessos na internet por usuários no mundo, observamos um movimento de declínio nos últimos anos.

A internet deveria ter um papel fundamental em potencializar algumas pessoas ao redor do mundo, afim de conseguirem beneficiar a humanidade com suas revelações. Mas porque isso não acontece em termos de refletir no número de conquista em diferentes campos com Prêmio Nobel?

https://www.amazon.com.br/Geracao-Superficial-Internet-Fazendo-Cerebros/dp/8522010056/ref=cm_cr_arp_d_product_top?ie=UTF8

Um dos finalistas para o prêmio Pulitzer, Nicholas Carr, escreveu um livro que é super interessante para entender a influência da internet nas nossas vidas e na transformação da nossa forma de pensar.

Nicholas Carr mostra algumas evidências em que estamos ficando cada vez mais, preguiçosos em pensar de forma profunda.

Essa afirmação, corrobora muito com uma das grandes frases do Einstein.

“It’s not that I’m so smart, it’s just that I stay with problems longer.” Einstein

Para aprendermos a perguntar, precisamos aprender a pensar.

Existe uma diferença entre saber e entender sobre o assunto.

Richard Feynman, um físico que ficou famoso pelo seu prêmio Nobel, pioneiro no assunto física quântica e nuclear. Além desses resultados, Feynman tinha uma facilidade em compartilhar conhecimento. Transformando assuntos complexos em simples narrativas engraçadas.

“I would rather have questions that can’t be answered than answers that can’t be questioned.” Richard Feynman

O livro "The Pleasure of Finding Things Out", mostra um pouco de sua história e como o processo de curiosidade foi importante na sua evolução.

Com espírito questionador, sempre procurou os motivos das coisas acontecerem. Esse livro fala exatamente sobre isso, qual foi o processo de descoberta de fórmulas e teorias, antes mesmo de saber que elas já existiam.

Para quem não quer ler o livro, existe uma entrevista que ele questiona a pergunta do entrevistador sobre o magnetismo e acaba explicando o poder da pergunta feita de maneira correta.

Essa linha que o Feynman prega, é bem similar quando estudamos o pensamento "problem solving" do Einstein.

“If I had an hour to solve a problem I’d spend 55 minutes thinking about the problem and five minutes thinking about solutions.” Einstein

Para quem quer ouvir os principais highlights, esse podcast abaixo acaba explorando bem os pontos.

"The important thing is not to stop questioning. Curiosity has its own reason for existing. One cannot help but be in awe when he contemplates the mysteries of eternity, of life, of the marvelous structure of reality. It is enough if one tries merely to comprehend a little of this mystery every day. Never lose a holy curiosity." Einstein

Epifania

Significa uma sensação profunda de realização, no sentido de compreender a essência das coisas. E não só Einstein mas como Isaac Newton e outros, tiveram essa sensação.

Normalmente esse processo é proveniente de perguntas primárias, secundárias, relacionais…

Depois de ter assistido uma maçã cair da árvore, ele se perguntou: "Se a maçã cai, a lua também cai?". Essa pergunta foi o centro da descoberta a Lei da gravidade.

Assim como ele, Einstein assistindo um grupo de limpadores de janelas de prédios trabalharem se perguntou qual seria a sensação de queda livre? Iniciando assim, o estudo e descoberta da lei da relatividade que foi confirmada por Arthur Eddington depois de um experimento.

No final das contas, conseguimos perceber que o processo de fazer a pergunta de maneira correta é de suma importância para resolver difíceis questões. Mas nesse processo de entendimento, pensamento profundo, a internet pode pregar um papel negativo no aprendizado dessa forma de pensar em difíceis e complexas questões como o Nicholas Carr aborda em seu livro. Com certeza estudando esses três nomes abordados aqui nesse post, sua maneira de lidar com o processo de questionamento irá mudar, impactando seu poder em resolver problemas e de aprender algo novo.

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Arthur Lamblet Vaz

Surfista, natureba e engenheiro de produção com ênfase em Data Science🌱🌍♻️